Nome original do viés: Apprehension bias
Tradutores: Carolina de Oliveira Cruz Latorraca
Primeiro revisor: Patricia Logullo
LEGENDA TRADUZIDA
Quando o participante de um estudo responde de forma diferente por estar sendo observado.
TEXTO COMPLETO
Introdução
O fato de que uma pesquisa está sendo realizada ou o processo de investigação pode resultar em medidas diferentes das usuais para os participantes de um estudo.
Isso, em parte, pode acontecer por causa de uma mudança comportamental, como descrito no efeito Hawthorne, que pode ocorrer em parte como uma resposta consciente ao fato de estar sendo observado. Além disso, essa reação ao fato de ser estudado pode resultar em medidas fisiológicas alteradas, provavelmente em grande parte inconscientemente, e isso pode ser chamado de viés de apreensão.
Exemplo
Um exemplo bem documentado de viés de apreensão pode ser encontrado nas medidas de hipertensão. De acordo com Cobos 2015, isso foi descrito primeiramente por Riva-Rocci em 1896.
Os pacientes podem ficar ansiosos como resultado de ir ao médico. Eles também podem ficar ansiosos com a possibilidade de ter sua pressão arterial aferida antes mesmo de isso realmente acontecer. Como resultado, isso pode aumentar sua pressão arterial, dando uma impressão enviesada de como a sua pressão arterial fisiológica realmente está (Grassi 2016).
Impacto
Provavelmente o exemplo mais comum do potencial impacto do viés de apreensão pode ser visto na aferição da pressão arterial — onde o termo “hipertensão do jaleco branco” ou “efeito do jaleco branco” ou “síndrome do jaleco branco” é às vezes utilizado. Neste contexto, a pressão arterial de uma pessoa é artificialmente alta num ambiente médico comparada com a medida feita em casa.
Uma revisão de fontes de imprecisão na pressão arterial relatada em 41 estudos observou que 37 deles mostraram um aumento médio na pressão arterial aferida numa clínica, quando comparada com outros locais, tipicamente, medida em ambulatório (Kallioinen et al 2017).
O tamanho dessa diferença média entre os métodos de avaliação variou amplamente. Essa discrepância entre avaliações em clínicas e em ambulatórios pode representar o viés de apreensão, e este exemplo mostra que isso pode ter efeitos imprevisíveis nas observações feitas.
O viés de apreensão, como observado na hipertensão do jaleco branco, pode ter impactos negativos na saúde. Outra revisão sistemática (Cohen 2016) avaliou o impacto da hipertensão do jaleco branco em eventos cardiovasculares e mortalidade. A revisão descobriu que, comparada com pessoas com pressão sanguínea normal, a hipertensão do jaleco branco não tratada estava associada com um aumento no risco de eventos cardiovasculares, hazard ratio 1,36 (IC 95%, 1,03 a 2,00), mortalidade por todas as causas 1,33 (1,07 a 1,67), e mortalidade cardiovascular 2,09 (1,23 a 4,48).
Passos para prevenção
Estratégias para evitar o viés de apreensão incluem métodos para reduzir a ansiedade em participantes de estudos. Quando se consideram as aferições de pressão sanguínea, as evidências têm crescido a respeito de automonitoramento da pressão (quando o paciente mede sua própria pressão sanguínea, normalmente em sua própria casa) e equipamentos automáticos em ambulatórios. Nessas circunstâncias, as medidas ou observações são registradas com pouco impacto no participante do estudo (Tucker et al 2017).
Link para o original: https://catalogofbias.org/biases/apprehension-bias/
Deve ser citado como: Catalogue of bias collaboration; Brassey J; Mahtani KR; Spencer EA. Apprehension bias. In: Catalogue Of Bias 2019. https://catalogofbias.org/biases/apprehension-bias/
Fontes:
White coat hypertension: improving the patient–health care practitioner relationship. Psychol Res Behav Manag. 2015; 8: 133–141.
Cardiovascular events and mortality in white coat hypertension: a systematic review and meta-analysis. Annals of internal medicine 170.12 (2019): 853-862.
White-coat hypertension: not so innocent. E-Journal of Cardiology Practice. 2016;14:26
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