Tradutores: Michele Palmeira da Silva Reisky von Dubnitz, Ana Luiza Cabrera Martimbianco


 

 

Os eventos nos países mais atingidos pelo COVID-19 são bastante claros. Houve uma corrida precipitada para reduzir o contato social, transportar e confinar pessoas em suas casas. Os resultados mostram a pior recessão econômica em 300 anos, provavelmente sobrepassando a que se seguiu à Guerra da Sucessão Espanhola e à grande geada de 1709.

Aqueles que acabaram de perder tudo e todos os que sofreram o peso do que está acontecendo buscarão alguém para culpar. Como o coronavírus não pode ser levado para a forca, políticos e tomadores de decisão são obviamente os próximos alvos. Alguns dos apontamentos e confusões já começaram. Também há sinais de que os consultores científicos podem estar na mira de uma opinião pública vingativa quando se pensa que a ameaça imediata acabou.

Como o futuro é incerto e é possível que a transmissão do COVID 19 ou de outros agentes desconhecidos possa ocorrer, precisamos pensar com cuidado nos próximos passos.

O lockdown deve ser suspenso em pouco tempo, simplesmente porque não há alternativa. Para executar serviços essenciais, precisamos que os impostos sejam pagos aos cofres do Estado. Isso não é possível se a economia for interrompida. A educação de uma geração de crianças em idade escolar será prejudicada. Temos a impressão de que os políticos encurralados relutam em largar as cordas e a mídia é incapaz de ver uma imagem maior, baseada no que sabemos das pandemias anteriores e no pouco que sabemos desta.

Dado que precisamos reiniciar o motor da sociedade e que as confusões, os questionamentos e os apontamentos após o evento são de valor limitado, propomos uma maneira diferente de romper o impasse.

Todos aqueles que tomaram decisões (certas ou erradas) com base na ignorância e na boa fé não devem ser sujeitos a um inquérito ou crítica, que não é construtivo. Qualquer questionamento e avaliação de eventos deve ocorrer muito em breve, não para castigar ou marcar pontos, mas para aprender as lições e implementar as mudanças que possam nos deixar mais preparados para quaisquer desafios semelhantes futuros, sejam eles em seis meses ou 100 anos à frente.

Impulsionamos todas as partes a: reforçar a vigilância de doenças infecciosas e os sistemas laboratoriais existentes. Testar a melhor combinação de EPIs e outras medidas preventivas e armazenar ou organizar acesso instantâneo aos que forem mais adequados. Realizar uma revisão aprofundada da construção de hospitais e da arquitetura urbana para minimizar o risco futuro de transmissão. Iniciar um programa de emergência de hospitais para doenças infecciosas que sejam totalmente separados das doenças não infecciosas, construídos de acordo com as lições do passado e da atual epidemia. Realizar exercícios de mobilização gradativa usando diferentes cenários de transmissão, de leve a muito rápido e gravidade da ameaça. Inscrever-se em um protocolo internacional para compartilhar dados epidemiológicos sem limite ou censura. Por fim, priorizar a próxima geração de alunos, que podem nos ajudar a mitigar os erros do passado.

Os agentes microbiológicos não se importam muito com a política partidária e as divisões científicas. Quando isso for feito, devemos avançar com confiança renovada e um espírito de colaboração que falta atualmente.

Declaração de transparência: O artigo não foi revisado por pares e as fontes citadas devem ser verificadas. As opiniões expressas neste texto representam as opiniões dos autores e não necessariamente as da instituição anfitriã, do NHS, do NIHR ou do Departamento de Saúde. As opiniões não substituem aconselhamento médico profissional.

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Link para o original: https://www.cebm.net/covid-19/covid-19-a-way-out-of-the-maze/

Nome dos autores e afiliações: Tom Jefferson, Carl Heneghan. University of Oxford

Tom Jefferson é tutor sênior associado e pesquisador honorário do Centro de Medicina Baseada em Evidências da Universidade de Oxford. A declaração de divulgação está aqui
Carl Heneghan é professor de medicina baseada em evidências e diretor de estudos para os Programas de Assistência Médica Baseada em Evidências. A declaração de divulgação está aqui

Deve ser citado como: Tom Jefferson, Carl Heneghan   https://www.cebm.net/covid-19/covid-19-a-way-out-of-the-maze/