Tradutor: Luis Eduardo Fontes


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6 de julho de 2020

Richard Darby e Tom Darby

Em nome da equipe de serviço de provas da Oxford COVID-19

Universidade de Oxford

Correspondência para: richarddarby@darbygroup.co.ukANTECEDENTES

Uma das poucas vantagens que a atual crise mundial de saúde apresenta é a dramática redução de emissões nocivas, em parte como resultado de tantas pessoas serem obrigadas a trabalhar de casa em vez de ir para os locais de trabalho no centro da cidade. Isto não só levou a um benefício ambiental significativo, mas também muitos estão relatando os benefícios sociais de um melhor equilíbrio trabalho-vida como resultado de poder passar mais tempo com seus familiares ou exercitar-se, e menos tempo se deslocando. Assim, dois dos pilares da sustentabilidade urbana estão sendo apoiados, mas atualmente isto tem um custo econômico terrível.

A questão que colocamos aqui é se um modelo pode ser previsto para o futuro, em um mundo pós-pandemia, no qual os benefícios ambientais e sociais descritos acima são mantidos, mas a sustentabilidade econômica também se torna uma possibilidade. Estamos considerando isto puramente no contexto do mercado de escritórios urbanos, ao invés de qualquer outro setor do mercado imobiliário ou da economia.

EVIDÊNCIAS ATUAIS E EMERGENTES NA COVID-19

Foi amplamente divulgado que Twitter, Facebook e Google propõem permitir que todo o seu pessoal trabalhe de casa até, pelo menos, o final de 2020. Slater Gordon Solicitors anunciou que deixará seu escritório de Londres em setembro de 2020 e que o trabalho remoto se tornará a norma para todos os seus dois mil funcionários. De acordo com a LSH, 88% dos funcionários do escritório acreditam que poderiam trabalhar pelo menos dois dias por semana em casa sem impacto em seu trabalho e bem estar mental.

Entretanto, nada disto significa que o escritório está morto, embora os proprietários e ocupantes precisarão ambos responder a estas exigências de mudança. A interação física ainda é um catalisador chave para a inovação, o que requer que as pessoas estejam juntas e trabalhem em equipe. A colaboração também é importante para a solução de problemas e o desenvolvimento da cultura corporativa. Além disso, enquanto os trabalhadores mais velhos abraçaram o trabalho em casa, porque não precisam de supervisão e já possuem redes profissionais, o pessoal júnior precisa aprender com os colegas e almejar o trabalho e as relações sociais que os escritórios podem proporcionar.

CONCLUSÕES

O resultado do exposto acima pode ser que a demanda geral por espaço de escritório não mudará significativamente, mas que o impacto no design e localização do ambiente de trabalho será considerável. Os escritórios não serão mais apenas lugares para vir trabalhar todos os dias, mas se tornarão espaços colaborativos/criativos, talvez visitados duas vezes por semana. Consequentemente, as empresas poderão optar por ter mais escritórios locais, suburbanos e menores, mais próximos de onde as pessoas moram, a fim de reduzir os deslocamentos – soluções com múltiplos espaços ou compartilhados. Isto, por sua vez, terá impacto no formato urbano, reduzindo a importância do centro da cidade e possivelmente redefinindo as prioridades dos bairros.

Um benefício social adicional desta mudança ambiental e econômica poderia ser que a tendência existente para locais de trabalho mais inclusivos se aceleraria. Uma cultura de trabalho genuinamente sem um foco presencial fornece uma oportunidade de produtividade para aqueles anteriormente relutantes ou incapazes de aceitar trabalho de escritório em tempo integral. Isto então se torna um benefício tanto econômico quanto social e reforça ainda mais a resiliência deste novo paradigma.

AUTORES

Richard Darby é pesquisador e diretor do Darby Group Ltd. Ele tem um mestrado em Desenvolvimento Urbano Sustentável e um mestrado em Gestão de Terrenos.

Tom Darby é analista de investimentos da Barwood Capital Ltd. Ele tem um mestrado em Administração de Imóveis.