Tradutores: Branca Heloisa de Oliveira, Enderson Miranda


 

 

Hospitais Covid-19 – De volta para o futuro

1 de maio de 2020

Tom Jefferson, Carl Heneghan

Um exame atento da arquitetura do hospital (valetudinarium) na fortaleza legionária romana em Inchtuthil, perto de Perth, na Escócia, pode nos dar pistas sobre como poderemos desenvolver nossas instalações hospitalares no futuro.

A legião XX construiu e desmantelou a fortaleza em três anos, de modo que os prédios foram construídos em madeira, diferentemente dos acampamentos permanentes no Reno, que tinham um layout semelhante, mas eram construídos em alvenaria.

Primeiro o plano. O hospital era uma estrutura retangular de um andar com duas entradas. Isso permitia controle de acesso e fluxo unidirecional, se necessário.

Duas fileiras de quartos (60 no total) eram separadas por um corredor de conexão, mas a fileira externa encostava-se à parede externa sem nenhuma comunicação além da luz e do ar vindos de prováveis ​​janelas superiores.

As divisórias internas tinham paredes duplas para permitir a circulação de ar, ruído e isolamento térmico.

A fileira externa permitia entradas para um pátio interno onde legionários convalescentes podiam sentar-se ao ar livre ou se exercitar.

O layout das seções também é interessante. De acordo com a reconstrução de Sir Ian Richmond e Dr. Graham Webster, sem dúvida os maiores especialistas do Exército Romano, os pisos foram erguidos do chão, especialmente os das passarelas cobertas entre as enfermarias e o corredor de conexão.

A separação dos quartos teve muitos motivos. Em tempos de surto, havia capacidade extra, utilizando talvez até 5% da força da unidade (cerca de 6000) e o distanciamento ou o duplo confinamento seria possível de acordo com a necessidade. Além disso, homens do mesmo século (Centuria) podiam ser acomodados em cubículos adjacentes, cuidando um do outro, ajudando assim os médicos com sua carga de trabalho. Eles provavelmente compartilharam um toalete e lavatório, mas não havia um bloco de lavatórios comuns, ao contrário dos hospitais militares britânicos pós-Guerra da Crimeia.

Note-se que, embora a estrutura da valetudinaria seja bastante padrão em todo o Exército Imperial, em Neuss, no Reno, uma grande sala na entrada provavelmente foi usada para recepção e triagem e (em uma sala separada menor) esterilização de instrumentos e bandagens.

A semelhança com os lazaretos da idade média é impressionante.

O que ressoa nos dias de hoje são simples princípios básicos de saúde e higiene: distanciamento, circulação de ar, controle de fluxo de pacientes, luz, privacidade, isolamento, ajuda de amigos, manutenção de identidade e, acima de tudo, flexibilidade suprema em face do desconhecido.

Não precisamos entrar em um carro De Lorean para ver o caminho que devemos seguir no tratamento de nossos semelhantes.

Referências

Webster G. The Roman Imperial Army. Adam & Charles Black London 1969

AUTORES

Carl Heneghan é Professor de Medicina Baseada em Evidências, Diretor do Centro de Medicina Baseada em Evidências e Diretor do Centro de Saúde e Urbanização, em Oxford. (Declaração completa de aviso e bio aqui).

Tom Jefferson é Tutor associado sênior e pesquisador honorário do Centro de Medicina Baseada em Evidências da Universidade de Oxford. A declaração de aviso está aqui

Link para o original: https://www.cebm.net/covid-19/covid-19-hospitals-back-to-the-future/