Tradutores: Branca Heloisa de Oliveira, Enderson Miranda
Efeito da Latitude no COVID-19
27 de abril de 2020
Carl Heneghan e Tom Jefferson
Recentemente, realizamos uma revisão rápida de evidências para explorar se as condições climáticas podem influenciar a disseminação do SARS-CoV-2.
As evidências sugerem que as condições meteorológicas podem influenciar a transmissão. Temperaturas baixas e condições de ar seco parecem aumentar a propagação.
Para analisar isso melhor e tentar explicar por que alguns países são desproporcionalmente afetados (consulte Seis países: três quartos das mortes de COVID-19), analisamos o efeito da latitude nas mortes e casos globais por milhão no Hemisfério Norte e também no mundo.
Para fazer isso, baixamos os dados de cada país usando o site Worldometer e também informações sobre a Latitude de cada país. Incluímos 128 países com mais de 5 mortes relatadas pelo COVID e, em seguida, plotamos a latitude específica de cada país versus mortes e casos por milhão. Utilizamos uma linha de tendência logarítmica para avaliar a associação e o valor de R2 para estimar o ajuste.
Dados atualizados em 29 de abril
Latitude vs. Mortes / Milhão de População no Hemisfério Norte
Latitude vs. Casos / Milhão de População no Hemisfério Norte
Número de Mortes / Milhão de População Globalmente
Latitude vs. Casos / Milhão de População Globalmente.
O que isto significa?
Com dados até 28 de abril, nestes 128 países incluídos, existe uma associação entre latitude, mortes e casos de COVID por milhão de habitantes
- Taxas de mortalidade (R2 = 0,30 Hemisfério Norte, 0,20 Globalmente)
- Taxas de casos (R2 = 0,35, Hemisfério Norte, R2 = 0,23 Globalmente).
Isso não mudou desde o dia 26 de abril, quando atualizamos os dados sobre as mortes.
- Taxas de mortalidade (R2 = 0,29 Hemisfério Norte, 0,21 Globalmente)
- Taxas de casos (R2 = 0,35, Hemisfério Norte, R2 = 0,23 Globalmente).
Essa relação gradiente também pode ser observada dentro de alguns países, como a Itália, onde o norte do país foi mais impactado do que o sul, mas não em outros. Por exemplo, não observamos uma associação nos Estados Unidos quando analisamos mortes e casos pela latitude de cada estado.
No surto anterior de SARs, o risco de aumento da incidência diária de SARS em Hong Kong foi maior em dias com temperatura do ar mais baixa do que em dias com temperatura mais alta. Pensou-se então que temperaturas e umidade mais baixas permitiriam a sobrevivência prolongada de SARs nas superfícies.
A falta de atividade viral em países com alta temperatura e alta umidade relativa pode explicar por que eles não têm grandes surtos de SARS na comunidade e por que acharam mais fácil gerenciar o surto de SARs-CoV-2.
No entanto, o alto uso de ar condicionado em hospitais ou hotéis (por exemplo, Cingapura e Hong Kong) facilitou a transmissão de SARs no surto de 2003, e seu impacto deve, portanto, ser urgentemente investigado.
Este artigo tem várias limitações: o surto não acabou, a coleta e o relatório de dados de diferentes países são altamente variáveis e sujeitos a erros. A detecção de casos depende do tipo de testes aplicado, o que varia entre os países. Além disso, as respostas dos países ao surto têm sido diferente, o que afetará as taxas de casos e mortes.
A relação com a sazonalidade e evidência de uma associação com as condições climáticasa, a concentração do impacto do COVID em um pequeno número de países e a associação com a latitude fornecem evidências de que fatores ambientais impactam a transmissão de SARs-CoV-2.
Outros fatores ambientais mostraram-se associados à disseminação de SARs em 2003, incluindo velocidade do vento, luz solar diária e pressão do ar, além de fatores ambientais, como poluição e densidade do ar. Esses fatores exigem investigação e verificação urgentes e devem ser considerados ao interpretar o que pode acontecer a seguir.
Veja também:
COVID 19 – A viúva de Hampstead revisitada
Mortes por COVID-19 em comparação com a “gripe suína”
Seis países: três quartos das mortes por COVID
Gráficos Globais de Mortes por COVID-19
Aviso: este artigo não foi revisado por pares; não deve substituir o julgamento clínico individual e as fontes citadas devem ser verificadas. As opiniões expressas neste comentário representam as opiniões dos autores e não necessariamente as da instituição anfitriã, do NHS, do NIHR ou do Departamento de Saúde e Assistência Social. As opiniões não substituem aconselhamento médico profissional.
Tom Jefferson é tutor associado sênior e pesquisador honorário do Centro de Medicina Baseada em Evidências da Universidade de Oxford. A declaração de divulgação está aqui
Carl Heneghan é Professor de Medicina Baseada em Evidências e Diretor do Centro de Medicina Baseada em Evidências. A declaração de divulgação está aqui
Link da página original: https://www.cebm.net/covid-19/effect-of-latitude-on-covid-19/