Nome original do viés: Performance bias
Tradutor: Carolina OC Latorraca
Primeiro revisor: Rafael Leite Pacheco
Segundo revisor: Enderson Miranda
Terceiro revisor: Rachel Riera
Introdução
O viés de performance se refere às diferenças que ocorrem quando a alocação do participante é conhecida, tanto pelo pesquisador quando pelo participante. Isso resulta em diferenças no cuidado recebido pelos grupos intervenção e controle em um estudo, além da intervenção estudada. Por exemplo, os participantes do grupo controle podem buscar outros tratamentos, ou os pesquisadores/equipe podem tratar os participantes de forma diferente dependendo do grupo em que o paciente está alocado. Este viés pode superestimar o efeito da intervenção, principalmente em estudos com desfechos subjetivos.
Exemplos
O viés de performance normalmente acontece em estudos nos quais não é possível mascarar os participantes e/ou os pesquisadores, como nos estudos com intervenções cirúrgicas, nutricionais ou de exercícios físicos. Por exemplo, uma revisão sistemática de estudos sobre atividade física para mulheres com câncer de mama após a terapia adjuvante descobriu que todos os estudos incluídos foram julgados como tendo alto risco de viés de performance, porque a natureza da intervenção (atividade física) fez com que fosse impossível mascarar a equipe e os participantes do estudo, e também porque a maioria dos desfechos eram subjetivos.
Um estudo qualitativo avaliou o risco do viés de performance em um ensaio clínico sobre perda de peso/mudança de comportamento com o uso de um novo modelo de aconselhamento para pacientes quando comparado ao tratamento usual. Os participantes do grupo controle relataram terem se sentido desapontados por terem sido alocados no grupo do tratamento usual. As reações ao desapontamento envolveram dois tipos de movimento: favorecendo e desfavorecendo a mudança de comportamento. Os autores concluíram que o desapontamento do participante pode introduzir viés por levar os grupos randomizados a seguirem direções diferentes daquelas esperadas com o uso da intervenção recebida.
Impacto
Uma revisão sistemática avaliou os efeitos da falta do mascaramento duplo (de participantes e pesquisadores) nos efeitos de uma intervenção. A revisão concluiu que, comparados aos estudos duplo-cegos, os estudos com ‘falta de mascaramento ou duplo mascaramento incerto’ superestimaram as estimativas de efeito, em média, 13% (razão de razão de chances 0,85, Intervalo de Confiança [IC] 95% = 0,79 a 0,96). Os autores também concluíram que estudos com medidas subjetivas de desfechos (como dor) eram mais suscetíveis aos eventos adversos da falta de mascaramento (razão de razão de chances 0,85, IC95% =0,75 a 0,95).
Passos para prevenção
Idealmente, participantes e pesquisadores deveriam ser mascarados para as intervenções. Se o mascaramento não é possível, o efeito do viés de performance pode ser amenizado utilizando desfechos objetivos. Por exemplo, um desfecho subjetivo como ‘dor relatada pelo paciente’ é mais influenciável pelo viés de performance do que medidas objetivas, como ‘admissão hospitalar’.
Se desfechos subjetivos são utilizados, o viés de performance pode ser amenizado mascarando o avaliador do desfecho. Por exemplo, em um estudo avaliando o efeito da terapia cognitivo-comportamental (TCC), os pesquisadores que realizam a intervenção (que não podem ser mascarados), devem ser diferentes dos pesquisadores que avaliam os desfechos relatados pelos pacientes.
Link para o original: https://catalogofbias.org/biases/performance-bias/
Deve ser citado como: Catalogue of Bias Collaboration. Banerjee A, Pluddemann A, O’Sullivan J, Nunan D. Performance bias. In: Catalogue Of Bias 2019. https://catalogofbias/biases/performance-bias/
Fontes
Lahart I, et al. Physical activity for women with breast cancer after adjuvant therapy. Cochrane Database Syst Rev. 2018 Jan 29;1:CD011292.
Porta M. A dictionary of epidemiology. Oxford University Press. 2014
Savović J et al. Influence of reported study design characteristics on intervention effect estimates from randomised controlled trials: combined analysis of meta-epidemiological studies. Health Technol Assess. 2012 Sep;16(35):1-82.
PubMed feed
Esta referência pode ser obtida dinamicamente a partir do PubMed: