Tradutores: Carolina de Oliveira Cruz Latorraca, Ana Luiza Cabrera Martimbianco


 

Fumar aumenta o risco das infecções respiratórias agudas (IRAs)?

Sim. Fumar aumenta tanto o risco de ter uma infecção quanto sua severidade. Parar de fumar reduz o risco de adquirir IRA.

Parar de fumar durante uma IRA reduz o risco de complicações sérias, mesmo depois de décadas fumando.

Fumar aumenta o risco de infecções respiratórias agudas?

Parecer favorável: Fumar é um fator de risco para todas as infecções respiratórias. Isso aumenta o risco de se infectar com infecções respiratórias agudas, assim como o risco de essas infecções se tornarem mais severas. Além de afetar o sistema respiratório, fumar também pode causar ou exacerbar comorbidades como doenças cardiovasculares e diabetes. Evidências da China mostram que comorbidades como doenças cardiovasculares, condições respiratórias e diabetes aumentam o risco de complicações sérias e morte relacionadas ao COVID-19.

Além de aumentar o risco de infecções respiratórias agudas nos fumantes, fumantes passivos também tem o risco aumentado de infecções respiratórias agudas, mesmo sendo jovens.

Se você parar de fumar enquanto está passando por uma infecção respiratória aguda, seus desfechos podem melhorar?

Parecer favorável: Evidências mostram que parar de fumar durante uma infecção respiratória aguda reduz o risco de desenvolver complicações sérias como bronquite e pneumonia. Mesmo que alguém tenha fumado por décadas, parar de fumar pode levar a quase imediata melhora dos sistemas cardiovasculares e respiratórios. Um ou dois dias após parar de fumar, os efeitos positivos podem ser observados na pressão sanguínea, batimentos cardíacos, vasoconstrição e níveis de oxigênio.

 

Parar de fumar agora pode ajudar a reduzir riscos?

Parecer favorável: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), tabagistas se tornarão menos propensos a serem infectados pelo COVID-19 se pararem de fumar, pois isso reduzirá a transmissão da mão para a boca. Além disso, assim como as melhoras quase imediatas aos sistemas cardiovascular e respiratório ditos anteriormente, comorbidades como condições cardiovasculares, condições pulmonares e diabetes podem melhorar logo após parar de fumar. Como existem evidências que comorbidades aumentam o risco do COVID-19, isso pode aumentar as respostas das pessoas às infecções e reduzir suas chances de transmissão para os outros.

 

Existem jeitos de aumentar o sucesso das tentativas de parar de fumar nas circunstâncias atuais?

Parecer favorável: Mesmo que opiniões sobre o apoio presencial e prescrição de medicamentos estejam limitadas no atual surto de COVID-19, existem muitas evidências sobre a efetividade de outras formas de apoio para parar de fumar. A terapia de substituição de nicotina (nas formas de adesivos, chicletes, pastilhas e pulverizadores) aumentam as chances de interromper o tabagismo no longo prazo em aproximadamente 50%, e é considerada segura para ser usada, mesmo durante recaídas.

As terapias de substituição de nicotina estão amplamente disponíveis no mercado. Evidências de ensaios clínicos randomizados mostram que usar duas formas de substituição de nicotina ao mesmo tempo (um adesivo e um chiclete ou pastilha) aumentam as chances de parar de fumar quando comparado a uma única forma, e é tão efetiva quanto a prescrição de medicações com a mesma finalidade. Buscar por suporte comportamental ou adjunto à farmacoterapia também aumentam as taxas de parar de fumar. Existem evidências de boa qualidade que o aconselhamento por telefone (como fornecido por canais nacionais, por exemplo), aumenta as taxas de parar de fumar.

Também existem evidências que a internet, mensagens de texto, e intervenções impressas aumentam as taxas de parar de fumar. Os recursos avaliados são aqueles disponíveis por fontes seguras, como os governos e programas nacionais de saúde (por exemplo, a NHS na Inglaterra, o CDC nos Estados Unidos).

Pode parecer particularmente estressante tentar parar de fumar nas circunstâncias atuais, mas existem evidências que parar de fumar leva a melhoras na saúde mental. Dentistas e farmacêuticos também são capazes de fornecer orientações efetivas. Se parar de fumar completamente parece impossível neste momento de surto, existem evidências que ir parando de fumar (reduzir gradualmente o consumo de cigarros) é tão efetivo quanto parar abruptamente.

Porém, não existem evidências que sugerem que apenas reduzir o tabagismo, sem parar de fumar, é benéfico. Assim, considerando as circunstâncias atuais, seria interessante tentar parar ou reduzir o consumo por um período curto. É seguro utilizar a terapia de substituição de nicotina durante esse período e evidências sugerem que usar uma forma de liberação rápida (por exemplo, chiclete ou pastilha) para substituir o cigarro enquanto se tenta reduzir o consumo, aumenta as chances de sucesso.

Declaração: este artigo não foi revisado por pares; ele não deve substituir o julgamento clínico individual e as fontes citadas devem ser checadas. As opiniões expressadas nesse comentário representam as visões dos autores e não necessariamente da instituição que fazem parte, do NHS, do NIHR ou do Departamento de Saúde. As opiniões não substituem da orientação médica profissional.

Link para o original: https://www.cebm.net/covid-19/smoking-in-acute-respiratory-infections/

Deve ser citado como: Jamie Hartmann-Boyce, Nicola Lindson