Tradutor: Airton Tetelbom Stein, Ana Luiza Cabrera Martimbianco


Parecer

Ainda não há evidência específica disponível sobre o uso de aparelhos de pressão arterial (PA) de pulso ou monitoramento doméstico da PA em pacientes com COVID-19 ou outras doenças respiratórias agudas. Os aparelhos de PA de pulso são acurados no intervalo de -2,5 a 3,5mmHg em comparação com os manguitos de PA de braço, [1] e alcançam a classificação correta da PA em mais de 80% das pessoas em comparação com a monitoração ambulatorial da PA.

 

Introdução

Com base nos relatos iniciais da China e nas evidências subsequentes de que a hipertensão arterial pode estar associada ao aumento do risco de mortalidade em indivíduos infectados pela COVID-19 hospitalizados, tem havido dúvidas sobre o papel do monitoramento da PA em casa em pessoas com hipertensão arterial que precisam estar em quarentena. Especialmente a acurácia e confiabilidade dos aparelhos de PA de pulso vendidas em farmácias.

 

Resumo dos resultados dos estudos mais úteis. [2]

O único ensaio clínico específico para dispositivos de PA de pulso encontrou a categorização dos sujeitos como normotensos ou hipertensivos, utilizando o dispositivo de pulso em sujeitos sem treinamento específico, alcançou uma classificação correta em 84% dos casos com sensor de posição (e em 81% sem este sensor) em comparação à monitorização ambulatorial da PA (ABPM)[3].

  • A diferença com relação à PA sistólica entre os dispositivos de mercúrio e os dispositivos de PA de pulso foi de -2,5+/-5,3 mmHg, o que está dentro do protocolo AAMI.
  • Os valores médios das diferenças entre os dispositivos de mercúrio e ABPM permaneceram abaixo de 5 mmHg, seu desvio padrão foi acima de +/- 8 mmHg.
  • Para a PA diastólica, a diferença entre todos os dispositivos foi inferior a 5+/-8 mmHg[1].

 

Diretrizes clínicas internacionais geralmente recomendam que a PA seja medida no braço para monitoração domiciliar, em preferência aos dispositivos de dedos e pulsos [4]. Esta recomendação é particularmente importante em pacientes com obesidade e pressão alta, onde sua acurácia tem sido questionada [5, 6]. No entanto, os monitores de pulso estão incluídos nos dispositivos de monitoramento da PA validados pela NICE e provavelmente fornecerão uma avaliação da PA doméstica com razoável acurácia na maioria das pessoas [7].

Isenção de responsabilidade: o artigo não foi revisado por pares; não deve substituir o julgamento clínico individual e as fontes citadas devem ser verificadas. As opiniões expressas neste comentário representam as opiniões dos autores e não necessariamente as da instituição anfitriã, do NHS, do NIHR, ou do Departamento de Saúde e Assistência Social. Os pontos de vista não são um substituto para o aconselhamento médico profissional.

Autor

Uy Hoang é pesquisador do Grupo de Pesquisa em Informática Clínica e do Grupo de Pesquisa em Desfechos de Saúde (Health Outcomes Research Group) do Nuffield Department of Primary Carehealth Sciences

Estratégia de Busca

População – População geral, Intervenção – Monitoração domiciliar da pressão arterial (especialmente dispositivos de pressão de pulso), Comparação – Monitoração ambulatorial da pressão arterial, Desfecho – Leitura da pressão arterial.

A pesquisa em bancos de dados incluiu Embase de 1974 até o presente, Medline 1946 até o presente e a Biblioteca Cochrane de revisões sistemáticas. Foram utilizadas as seguintes palavras-chave – monitoração da pressão arterial, monitor de pressão arterial, medição da pressão arterial; Autocuidado, casa, em casa; Sensibilidade, Especificidade, diagnóstico adjacente a (accura* ou desempenho ou utilidade ou específico* ou sens*). 104 artigos de pesquisa foram encontrados (dos quais foram 11 revisões de literatura não sistemática) e 37 ensaios clínicos (1 dos quais analisou os dispositivos de PA de pulso). 4 estudos foram úteis para esta resposta.


Referências

Altunkan, S., Y. Genc, and E. Altunkan, A comparative study of an ambulatory blood pressure measuring device and a wrist blood pressure monitor with a position sensor versus a mercury sphygmomanometer. Eur J Intern Med, 2007. 18(2): p. 118-23.
Cohen, J.F., et al.,

STARD 2015 guidelines for reporting diagnostic accuracy studies: explanation and elaboration. BMJ Open, 2016. 6(11): p. e012799.

Uen, S., et al., Evaluation of the performance of a wrist blood pressure measuring device with a position sensor compared to ambulatory 24-hour blood pressure measurements. Am J Hypertens, 2002. 15(9): p. 787-92.

Imai, Y., et al., Japanese society of hypertension (JSH) guidelines for self-monitoring of blood pressure at home. Hypertens Res, 2003. 26(10): p. 771-82.

Azaki, A., et al., Questionable accuracy of home blood pressure measurements in the obese population – Validation of the Microlife WatchBP O3((R)) and Omron RS6((R)) devices according to the European Society of Hypertension-International Protocol. Vasc Health Risk Manag, 2017. 13: p. 61-69.

O’Brien, E., et al., Practice guidelines of the European Society of Hypertension for clinic, ambulatory and self blood pressure measurement. J Hypertens, 2005. 23(4): p. 697-701.

National Institute for Health and Care Excellence. Hypertension in adults: diagnosis and management. NICE Guideline (NG) 136, 2019. www.nice.org.uk/guidance/ng136