Tradutores: Ana Paula Pires dos Santos, Ana Luiza Cabrera Martimbianco
12 de maio de 2020
Jason Oke, Nick DeVito, Carl Heneghan.
Nós estamos monitorando os dados do ONS (“Office for National Statistics” – Gabinete de Estatísticas Nacionais) sobre mortes, que são atualizados toda terça-feira.
Como podemos saber se a COVID-19 é a principal causa dessas mortes? Ou se elas teriam ocorrido na ausência da COVID-19, particularmente em idosos e pessoas com problemas crônicos de saúde? (veja o artigo de David Spiegelhalter para uma explicação).
Uma maneira é examinar as taxas de mortalidade e determinar se há mais pessoas morrendo do que se esperaria. O que queremos saber é se as mortes relatadas pela COVID representam um “excesso” em relação à norma.
O número semanal de mortes registradas para todas as idades.
Atualização: a divulgação dos dados de hoje refere-se à semana que terminou no dia 01 de maio (semana 18)
Houve 17.953 mortes registradas na semana 18 na Inglaterra e no País de Gales.
Isto é 8.012 (81%) a mais do que se esperaria para esta época do ano (a média de 5 anos para esta semana é de 9.941). Dessas mortes em excesso, 6.035 (75%) mencionaram COVID no atestado de óbito e 1.977 (25%) não mencionaram.
Nas primeiras 18 semanas de 2020, houve 247.261 mortes. Isto é 41.672 (20%) a mais do que o esperado (a média de 5 anos até a semana 18 é de 205.589 mortes). Dessas mortes em excesso, 33.365 (80%) mencionam a COVID no atestado de óbito.
Até a semana 18 já ocorreram 35.044 mortes com menção à COVID no atestado de óbito. Este número é maior que os registros da semana 18, pois inclui alguns óbitos registrados na semana 19 que ocorreram na semana 18.
Desde a semana 13, houve um excesso de 45.483 óbitos observados em relação ao esperado para essas semanas.
O número de mortes excedeu 3 DPs (desvios-padrão) em cinco ocasiões distintas nos últimos três anos. No período entre o inverno de 2017 e o de 2018, houve 50.100 mortes em excesso na Inglaterra e no País de Gales. O maior número de mortes já registrado (do qual temos conhecimento) por semana ocorreu na semana 52 de 1999, quando foram registradas 18.500 mortes naquela semana.
O pico de mortes é consistente com o pico de mortes do NHS Inglaterra – 8 de abril.
Número cumulativo de mortes de acordo com diferentes fontes de dados
Idade das mortes
- 73% de todas as mortes ocorreram em >75 anos
Gráficos interativos de mortalidade por idade or 100.000 pessoas
Taxas de mortalidade por idade da população sob risco (há menos pessoas de 85 anos do que aqueles na faixa etária de 45 a 64 anos). O que isto mostra é o risco muito maior nos idosos em comparação com as faixas etárias mais jovens.
Mortalidade por idade por 100.000 pessoas
- >85: 155/100.000
- 75-84: 43 por 100.000
- 65-74: 2,3 por 100.000
- 45-64: 0,15 por 100.000
- 15-44: 0,02 por 100.000
O relatório do ONS não nos diz se a COVID foi mencionada como a doença ou condição que levou diretamente à morte.
- A causa imediata da morte – (primeira linha do atestado de óbito na Parte I)
- As causas subjacentes da morte – consideram a cadeia de eventos que levam à morte (linhas mais inferiores na Parte I)
Todas as mortes por doenças respiratórias (CID-10 J00-J99)
Isto inclui mortes por pneumonia viral (codificadas como J12).
Esperaríamos que a pneumonia estivesse em ascensão se o SARS-CoV-2 causasse predominantemente pneumonia viral. Um atestado de óbito conteria tanto COVID quanto pneumonia viral, se este fosse o caso. A causa predominante de morte por COVID não é respiratória. Uma análise mais profunda dos dados do ONS pode revelar as outras causas.
Gráficos interativos disponíveis aqui
Local de morte
As mortes por COVID no domicílio permanecem muito baixas enquanto as mortes Não-COVID são mais elevadas do que normalmente deveriam ser (compare o número do dia 13 de março com o desta semana). As mortes domiciliares não-COVID também permanecem mais altas do que deveriam ser, enquanto as mortes hospitalares não-COVID são muito mais baixas (3.183, semana 11 vs. 4.970, semana 18).
Local de ocorrência por dia
Veja também
AUTORES
Jason Oke is é um estatístico senior no Nuffield Department of Primary Care Health Sciences. (Biografia)
NickDeVito é um Doutorando no EBM DataLab (Biografia)
Carl Heneghan é professor de Medicina Baseada em Evidência, diretor do Centro de Medicina Baseada em Evidência. (Biografia completa e declaração de conflitos de interesse aqui).
Aviso: o artigo não foi revisado por pares; ele não deve substituir o julgamento clínico individual e as fontes citadas devem ser verificadas. As opiniões expressas neste comentário representam as opiniões dos autores e não necessariamente as da instituição anfitriã, do NHS, do NIHR, ou do Departamento de Saúde e Assistência Social. Os pontos de vista não são um substituto para o aconselhamento médico profissional.