Tradutores: Elizangela Braga Andrade


 

PARECER

Em geral, os resultados das revisões sistemáticas incluídas sugerem que as evidências de alta qualidade apoiam o tratamento de residentes com quimioprofilaxia antiviral com adamantina, bem como adamantina combinada a um equipamento de proteção individual. Para as demais estratégias, não houve nenhuma evidência de efetividade (ex. isolamento social) ou evidência conjunta de efetividade (ex. rimantadina, zanamivir, higiene das mãos, equipamento de proteção individual). As evidências mistas da higiene das mãos e o uso de equipamento de proteção individual não implica que estes não devem ser usados em surtos.

 

CONTEXTO

O Programa de Prevenção e Controle de Infecções da Organização Mundial de Saúde (OMS) para emergências em saúde encomendou uma revisão sobre a prevenção e manejo da COVID-19 em idosos com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência. O objetivo geral desta revisão rápida de revisões (síntese daqui em diante) foi identificar, a partir de revisões sistemáticas, evidências sobre as medidas de controle e proteção da infecção para idosos com 60 anos ou mais em ambientes de cuidados prolongados. Para focar a questão de pesquisa para aumentar a viabilidade, nós propusemos as seguintes questões-chave de investigação:

  1. Quais são as medidas/práticas de controle e prevenção da infecção para prevenir ou reduzir vírus respiratórios (incluindo coronavirus e influenza) em idosos com 60 anos ou mais que vivem sob cuidados prolongados?
  2. Como as práticas de prevenção e controle das infecções diferem para adultos com 60 anos ou mais que vivem em cuidados prolongados com doenças respiratórias e comorbidades ou fragilidades graves daqueles que não têm essas comorbidades/fragilidades graves?
  3. Como as práticas de prevenção e controle das infecções diferem para adultos com 60 anos ou mais que vivem em cuidados prolongados com doenças respiratórias de países de economia de baixa e média renda (PMBR) daqueles que vivem em países com rendimentos elevados e existem diferenças entre os distintos contextos culturais?

EVIDÊNCIA ATUAL

Prevenção de doenças respiratórias em instituições de longa permanência:

Uma revisão sistemática de alta qualidade3 encontrou resultados mistos para a efetividade da higiene das mãos para prevenir infecções em dois estudos, que relataram resultados positivos estatisticamente significativos a favor da higiene das mãos, e um estudo relatando resultados estatisticamente não significativos. Uma revisão sistemática de moderada qualidade5 com metanálise encontrou um efeito moderado estatisticamente não significativo a favor de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) na prevenção de infecções. A mesma revisão e meta-análise5 também examinaram a efetividade do isolamento social para prevenir a infecção e não encontraram resultados estatisticamente significativos. Uma revisão de moderada qualidade5 relatou evidências estatisticamente significativas da eficácia da amantadina e da amantadina + EPI para prevenir a propagação de infecções respiratórias virais em instituições de cuidados prolongados.

Manejo de doenças respiratórias em instalações de cuidados prolongados:

Resultados estatisticamente significativos foram encontrados a partir de uma revisão sistemática5 para o uso de amantadina como quimioprofilaxia antiviral em indivíduos com diagnóstico laboratorial confirmado para influenza (Tabela 1). Além disso, resultados estatisticamente significativos foram encontrados a partir de uma revisão sistemática de moderada qualidade para o uso de amantadina junto com equipamento de proteção individual para prevenir a disseminação da infecção a partir de indivíduos com diagnóstico laboratorial confirmado para influenza. Resultados estatisticamente significativos não foram observados em uma revisão sistemática de moderada5 qualidade e uma de alta qualidade1 considerando os inibidores rimantadina ou neuraminidase como quimioprofilaxia antiviral. Contudo, resultados estatisticamente significantes foram observados em uma revisão sistemática2 de baixa qualidade para rimantadina como quimioprofilaxia antiviral. Evidências mistas foram identificadas a partir de duas revisões sistemáticas2,4 de baixa qualidade para zanamivir como quimioprofilaxia antiviral que relataram reduções não estatisticamente significativas nas taxas de infecções respiratórias virais.

Tabela 1: Resumo das evidências para as revisões sistemáticas incluídas

 

Intervenção Revisão sistemática de alta/moderada qualidade

 

Revisão sistemática de baixa qualidade
Intervenções não farmacológicas

 

Aumentar a higiene das mãos

Gould, 20173

+/-

 

NA
Equipamento de Proteção Individual (EPI)

Rainwater-Lovett, 20145

+/- NA
Distanciamento social

Rainwater-Lovett, 20145

NA
Quimioprofilaxias antivirais para gripe ou doença respiratória confirmada em laboratório

 

Rimantadina

Alves Galvao, 20141;

Dunn, 19992

+
Zanamivir

Dunn, 19992; Marshall, 20184

NA +/-
Amantadina

Rainwater-Lovett, 20145

+ NA
Inibidores da Neuraminidase

Rainwater-Lovett, 20145

NA
 

Intervenções combinadas

 

Amantadina + EPI

Rainwater-Lovett, 20145

+ NA
 

 

 

 

+significam resultados estatisticamente significativos (redução da infecção ou do risco de infecção)

– significam que não há resultados estatisticamente significativos

+/- significam resultados mistos ou inconclusivos

 

CONCLUSÕES

 

  • Os resultados sugerem que evidências de alta qualidade apoiam o tratamento de residentes com quimioprofilaxia antiviral com adamantina, bem como adamantina em combinação com Equipamentos de Proteção Individual (EPI);
  • Não há nenhuma evidência de efetividade (ex. isolamento social) ou evidência mista de efetividade (ex: rimantadina, zanamivir, a higiene das mãos, equipamento de proteção individual) para outras estratégias estudadas nas revisões incluídas;
  • Contudo, a evidência mista sobre a higiene das mãos e o uso de EPI não implica que estes não devem ser usados durante um surto.

AVISO: este artigo não foi revisado por pares; ele não deve substituir o julgamento clínico individual e as fontes citadas devem ser checadas. As opiniões expressas nesse comentário representam as visões dos autores e não necessariamente da instituição que fazem parte, do NHS, do NIHR ou do Departamento de Saúde. As opiniões não substituem da orientação médica profissional.

TERMOS PESQUISADOS

Pesquisas bibliográficas abrangentes abordando todas as questões de pesquisa foram desenvolvidas por um bibliotecário experiente utilizando o MEDLINE, EMBASE, a Cochrane Library e as bases de dados biorxiv.org/medrxiv.org. A literatura cinzenta (ou seja, difícil de localizar ou não publicada) foi localizada utilizando pesquisas com palavras-chave de termos relevantes (por exemplo, doença respiratória, MERS, coronavírus, SRA, instalações de cuidados de longa duração) em clinicaltrials.gov e GIDEON (Global Infectious Diseases and Epidemiology Network).

Declaração de financiamento: Este trabalho foi financiado pelo Canadian Institutes of Health Research (CIHR) através da Strategy for Patient Oriented-Research (SPOR) Evidence Alliance.

 

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REFERÊNCIAS

  1. Alves Galvão MG, Rocha Crispino Santos MA, Alves da Cunha AJ. Amantadine and rimantadine for influenza A in children and the elderly. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Nov 21;(11):CD002745.
    2. Dunn CJ, Goa KL. Zanamivir: a review of its use in influenza. Drugs. 1999 Oct;58(4):761-84. Review.
    3. Gould DJ, Moralejo D, Drey N, Chudleigh JH, Taljaard M. Interventions to improve hand hygiene compliance in patient care. Cochrane Database Syst Rev. 2017 Sep 1;9:CD005186. doi: 10.1002/14651858.CD005186.pub4. Review.
    4. Marshall L, Stevens G, Cordaro C. Managing influenza outbreaks in long-term care facilities. Consultant Pharmacist. 2018; 33(10):580.
    5. Rainwater-Lovett K, Chun K, Lessler J. Influenza outbreak control practices and the effectiveness of interventions in long-term care facilities: a systematic review. Influenza Other Respir Viruses. 2014 Jan;8(1):74-82. doi:10.1111/irv.12203. Epub 2013 Nov 7. Review.
    6. Volkman JC, Rebmann T, Hilley S, Alexander S, Russell B, Wagner W. Infection prevention disaster preparedness planning for long-term care facilities. Am J Infect Control. 2012 Apr;40(3):206-10. doi: 10.1016/j.ajic.2011.03.029. Epub 2011 Aug 15.