Tradutores: Ana Paula Pires dos Santos, Ana Luiza Cabrera Martimbianco
2 de junho de 2020
Jason Oke, Nick DeVito, Carl Heneghan.
Nós estamos monitorando os dados do ONS (“Office for National Statistics” – Gabinete de Estatísticas Nacionais) sobre mortes, que são atualizados toda terça-feira.
Como podemos saber se a COVID-19 é a principal causa dessas mortes? Ou se elas teriam ocorrido na ausência da COVID-19, particularmente em idosos e pessoas com problemas crônicos de saúde? Uma maneira é examinar as taxas de mortalidade e determinar se há mais pessoas morrendo do que se esperaria. O que queremos saber é se as mortes relatadas pela COVID representam um “excesso” em relação à norma. (veja o relatório do ONS para essa semana aqui).
O número semanal de mortes registradas para todas as idades.
Atualização em 2 de junho: a divulgação dos dados de hoje refere-se à semana que terminou no dia 22 de maio (semana 21)
- Total de 12.288 mortes para todas as idades
- Isto é 2.348 (23%) a mais do que se esperaria para esta época do ano (a média de 5 anos para esta semana é de 9.940); risco relativo: 1,23 (1,20 a 1,27).
Olhando para os anos anteriores, observamos variação de ano para ano no número de mortes e também há uma tendência crescente ao longo do tempo.
Estimar o excesso de mortes em comparação com um ano anterior daria um intervalo de excesso estimado entre 38.976 (2018) e 78.215 (2011). A população vem aumentando e envelhecendo e tem havido uma tendência de aumento no número absoluto de mortes ao longo do tempo.
Modelando a tendência com regressão harmônica com base nos anos 2010 – 2019 podemos prever o número de mortes esperadas em 2020:
- A média de 5 anos do ONS é de 235.293 mortes, o que dá um excesso de 51.486;
- O uso da tendência da regressão harmônica* prevê 257.081 mortes em 2020, o que dá um excesso de 29.698
A regressão harmônica é utilizada em fenômenos que tendem a exibir ritmos periódicos.
Excesso por idade em 2020:
Nós usamos o método de regressão harmónica para prever o excesso de mortes em diferentes faixas etárias. Naqueles com 44 anos ou menos, não observamos excesso de mortes registradas em 2020 até a semana 21 (15 de maio). Acima dessa idade, observamos excesso de mortes.
Comparações do excesso de mortes em menores de 1 ano em 2020 (Sem excesso)
Comparações do excesso de mortes em menores de 1 ano a 14 anos de idade em 2020 – Sem excesso.
Comparações do excesso de mortes entre 15 a 44 anos de idade em 2020 – Sem excesso.
Comparações do excesso de mortes em <45 a 64 anos de idade em 2020 – mortes previstas 27.164, o que dá um excesso de 5.000.
Comparações do excesso de mortes em 65-74 anos de idade em 2020 – mortes previstas 40.777, o que dá um excesso de 4.291 mortes.
Comparações do excesso de mortes entre 75 a 84 anos de idade em 2020: mortes previstas 71.146, o que dá um excesso de 11.547 mortes.
Comparações do excesso de mortes em maiores de 85 anos idade em 2020 – mortes previstas 110.789, o que dá um excesso de 8.325 mortes.
Aviso: o artigo não foi revisado por pares; ele não deve substituir o julgamento clínico individual e as fontes citadas devem ser verificadas. As opiniões expressas neste comentário representam as opiniões dos autores e não necessariamente as da instituição anfitriã, do NHS, do NIHR, ou do Departamento de Saúde e Assistência Social. Os pontos de vista não são um substituto para o aconselhamento médico profissional.
AUTORES
Jason Oke é um Estatístico Sênior no Nuffield Department of Primary Care Health Sciences e Coordenador do Módulo de Estatística Computacional com R e Stata (EBHC Med Stats) e Introdução à Estatística para Pesquisa do Cuidado em Saúde (EBHC), como parte do Programa de Cuidado em Saúde Baseado em Evidência.
Carl Heneghan é Professor de Medicina Baseada em Evidência, Diretor do Centro de Medicina Baseada em Evidência e Diretor de Estudos do Programa de Cuidado em Saúde Baseado em Evidência. (Biografia completa e declaração de conflitos de interesse aqui).