Tradutores: Tatiane Bomfim Ribeiro, Luis Eduardo Santos Fontes, Ana Luiza Cabrera Martimbianco


Semmelweis mostrou que, quando os médicos foram obrigados a lavar as mãos em uma solução de cloro, a mortalidade por febre puerperal na Primeira Divisão Obstétrica de Viena caiu de 459 em 1846 para 45 em 1848. Em 1975, Graham Ayliffe, em Birmingham, havia planejado uma maneira de lavagem das mãos que cobria todas as partes dos dedos e mãos. Ele descreveu o seguinte:

“A preparação [de detergente anti-séptico ou sabonete líquido] foi aplicada por 30 segundos por um procedimento padrão que consiste em cinco movimentos para trás e para frente: palma sobre palma, palma direita sobre o dorso esquerdo, palma esquerda sobre o dorso direito, palma para palma com os dedos entrelaçado, costas dos dedos à palma da mão oposta, com os dedos entrelaçados, fricção rotacional do polegar direito sobre a palma esquerda e polegar esquerdo sobre a palma direita, fricção rotativa para trás e para a frente, com os dedos da mão direita sobre a palma da mão esquerda e dedos da mão esquerda mão na palma da mão direita; as mãos e os pulsos foram esfregados até o final do período de 30 segundos, depois enxaguados com água corrente por 15 segundos e secos, com duas toalhas de papel, por 15 segundos. ”

Esta continua sendo a técnica padrão para a higiene das mãos com água e sabão, ou outros produtos desinfetantes.
Os estudos iniciais de lavagem das mãos avaliaram a eficácia observando a redução na contagem bacteriana, usando uma escala logarítmica (log). Uma redução de 2 unidades de log significa que 99% das bactérias foram removidas, de 3 unidades de log significa que 99,9% das bactérias foram removidas e assim por diante. Os métodos de teste para vírus foram desenvolvidos mais recentemente.

Os coronavírus têm um envelope viral, o que os torna potencialmente suscetíveis a agentes tensoativos, como sabão e álcool. In vitro, vários produtos para esfregar as mãos com um teor de álcool de pelo menos 75% reduziram a quantidade de SARS-CoV-1 em pelo menos 4 unidades de log e vinagre de vinho e 70% de etanol reduziram a quantidade de SARS-CoV-1 em mais de 3 log unidades. Parece razoável extrapolar esses resultados para SARS-CoV-2.

Em um estudo de mais de 20.000 pessoas / ano, as consultas ambulatoriais por doenças respiratórias foram 45% menores entre os recrutas do exército que lavavam as mãos pelo menos cinco vezes por dia em comparação com os controles. Jefferson e colaboradores avaliaram as intervenções físicas para interromper ou reduzir a disseminação de vírus respiratórios. Eles relataram uma razão de chances (Odds ratio) de 0,54 para infecções respiratórias naqueles que lavavam as mãos com frequência, em comparação com os controles. Tomados em conjunto, os estudos apóiam a visão de que a lavagem frequente e cuidadosa das mãos reduzirá as chances se infectar com o COVID-19.


Revisão Cochrane

Jefferson T, Del Mar CB, Dooley L, Ferroni E, Al‐Ansary LA, Bawazeer GA, van Driel ML, Nair S, Jones MA, Thorning S, Conly JM. Physical interventions to interrupt or reduce the spread of respiratory viruses. Cochrane Database of Systematic Reviews 2011, Issue 7. Art. No.: CD006207. DOI: 10.1002/14651858.CD006207.pub4.

Transparência do processo de produção e divulgação: o artigo não teve revisão por pares; ele não deve substituir o julgamento clínico individual e as fontes citadas devem ser checadas. O ponto de vista expresso neste comentário representa o ponto de vista dos autores e não necessariamente o ponto de vista da instituição sede, o NHS, o NIHR, ou o Departamento de Saúde. Os pontos de vista não substituem a recomendação do médico.

Link para o original: https://www.cebm.net/covid-19/hand-disinfectant-and-covid-19/

Autores

Robin Ferner is a farmacologista clínico da School of Clinical and Experimental Medicine, University of Birmingham