Nome original do viés: Biases of rhetoric

Tradutor: Carolina Oliveira Cruz Latorraca

Primeiro revisor: Rafael Leite Pacheco

Segundo revisor: Rachel Riera

Argumento utilizado para persuadir o leitor sem apelar para a razão ou para as evidências disponíveis.

Introdução

Retórica refere-se a fala a ou a escrita que tenham como objetivo persuadir ou impressionar, mas com pouco conteúdo significante. O viés pode ser a favor ou contra certos tipos de intervenções medicamentosas ou práticas em saúde, e normalmente pode ser identificado quando os argumentos são baseados em opiniões ou crenças em vez de serem embasados por fatos verificáveis ou evidências. A retórica pode ser particularmente relevante em fontes online de informação em saúde, e sobre tecnologias novas e emergentes e políticas que não são apoiadas em evidência de alta qualidade. A retórica pode ser encontrada em comunicados da imprensa e artigos de jornais com o objetivo de atrair o leitor.

Exemplos

A ideia de que as vacinas tomadas durante a infância causavam autismo foi amplamente divulgada em 1998. A interpretação dessas publicações naquela época é um exemplo da retórica, pois promoveu uma ligação sem sentido entre autismo e vacinação (referido como o ambiente). Desde então, o trabalho original que sugeriu essa ligação é apresentado como fraudulento e foi retratado, mas a ideia de que essa ligação existe ainda é influente.

Impacto

O uso de reivindicações ou razões falsas para construir um argumento, normalmente com um componente emocional, pode ser chamado de viés de retórica. Seu impacto é difícil de ser medido, mas ele, claramente, pode levar a decisões em saúde que não são baseadas em evidências.

Passos para prevenção

Ter consciência de que este viés existe é o aspecto mais importante para prevenir o impacto desse tipo de persuasão ardilosa. A educação com foco em desenvolver habilidades para o pensamento crítico, incluindo o entendimento público sobre viés nas pesquisas, pode ajudar as pessoas a entender os efeitos do viés de retórica. Além disso, nós recomendamos que haja a busca por evidências para a tomada de decisão em saúde. Para entender o motivo pelo qual algumas pessoas são susceptíveis a informações sobre intervenções que não são efetivas ou que são possivelmente perigosas, nós deveríamos olhar, em primeiro lugar, para a retórica utilizada para persuadi-las.

Link para o original: https://catalogofbias.org/biases/biases-of-rhetoric/

 

Deve ser citado como: Catalogue of Bias Collaboration, Heneghan C, Spencer EA. Biases of rhetoric. In: Catalogue of Bias 2017. https://catalogofbias.org/biases/biasesofrhetoric.

 

Fontes

Godlee F, et al. Wakefield’s article linking MMR vaccine and autism was fraudulent. BMJ 2011; 342 :c7452

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Kopelson, Karen. “Writing Patients’ Wrongs: The Rhetoric and Reality of Information Age Medicine”. Journal of Advanced Composition 29 1/2 (2009): 353 – 404. JSTOR. Web. 21Feb. 2016

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Segal, J. Z. Health and the Rhetoric of Medicine. Carbondale: Southern Illinois University Press, 2008. Project MUSE.

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PubMed feed

Este fonte pode ser recuperada dinamicamente a partir do PubMed:

Winters J, Fernandes G, McGivern L, Sridhar D. Mainstreaming as rhetoric or reality? Gender and global health at the World Bank.