Nome original do viés: Ascertainment bias

Tradutor: Carolina Oliveira Cruz Latorraca

Primeiro revisor: Rafael Leite Pacheco

Segundo revisor: Luís Eduardo Fontes

Terceiro revisor: Rachel Riera

LEGENDA TRADUZIDA

Diferenças sistemáticas na identificação dos participantes incluídos em um estudo ou distorção na coleta de dados de um estudo.

TEXTO TRADUZIDO

Introdução

O viés de identificação surge quando os dados de um estudo ou de uma análise são coletados (pesquisado, triados ou registrados) de forma que alguns membros da população-alvo têm menor probabilidade de serem incluídos do que outros. A amostra final do estudo fica enviesada, pois é sistematicamente diferente da população de interesse. O viés de identificação está relacionado com o viés de amostra e de seleção.

Este viés pode acontecer quando a vigilância ou a triagem dos dados são mais intensos entre os indivíduos expostos do que entre os indivíduos não expostos, ou quando há um registro diferenciado dos desfechos.

O viés de identificação pode ocorrer durante a triagem dos participantes, onde o recrutamento pode ser influenciado por diferenças culturais. Isso pode ocorrer em estudos de caso-controle, na identificação inicial de casos e controles, que pode ser distorcida por exposições relevantes, levando a associações enviesadas.

Em um ensaio clínico, se não há sigilo de alocação e mascaramento, as medidas dos desfechos podem ser claramente influenciadas pelo conhecimento do grupo em que o participante está alocado.

Exemplos

Na revisão sistemática Cochrane entitulada “Helmets for preventing head and facial injuries in bicyclists” (capacetes para prevenção de lesões na cabeça e face de ciclistas), os autores avaliaram os dados de cinco estudos caso-controle. Esses estudos obtiveram informações de ciclistas que se acidentaram ou caíram. Os casos eram ciclistas que sofreram lesões na cabeça ou face, e os controles eram ciclistas que sofreram outros tipos de lesões. Nesta situação, o viés de identificação pode ocorrer se as informações sobre o uso de capacetes foram obtidas de modo diferente entre casos e controles.

A descrição dos autores sobre como evitar o viés de identificação foi: “Para estudar lesões faciais, os casos deveriam se limitar a lesões graves (lacerações ou fraturas) que teriam como consequência a ida ao departamento de emergência, quer houvesse ou não lesão na cabeça. Pessoas com lesões de face menores podem ter sido identificadas porque ciclistas que sofrem lesões na cabeça também buscam por atendimento.” Este exemplo ilustra a noção de uma seleção de desfecho enviesada, levando ao viés de identificação.

A análise de uma base de dados identificou que as taxas de doença de Alzheimer eram menores em pacientes usuários de altas doses de estatinas; uma carta comentando este estudo sugeriu que algumas ou todas as associações observadas podem ter ocorrido devido ao viés de identificação: o diagnóstico de Alzheimer requer que os participantes tenham contato com algum médico e o uso de estatinas pode estar associado com a frequência de visitas ao médico.

Impacto

Nós não encontramos estudos avaliando o impacto do viés de identificação.

Passos para prevenção

A inclusão apropriada de casos e controles em estudos de caso-controle é essencial para evitar o viés de identificação. Em estudos de coorte, o conhecimento sobre a exposição de interesse deve ser separado do processo de rastreamento, identificação e registro dos desfechos relevantes. Em ECR, o sigilo de alocação e o mascaramento de toda a equipe do estudo são fundamentais para preservar o baixo risco de viés durante todo o estudo.